sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Rituais de Rebelião no Sudeste da África - Max Gluckman



Marx Gluckman nasceu em Joanesburgo, 26 de janeiro de 1911 e trabalhou na Administração americana em Rodésia do Norte (especialmente no direito Barotse, no que é agora a Província Ocidental, na Zâmbia). Ele foi educado na Faculdade de Exeter, Oxford com uma Bolsa de estudos de Rhodes. Dirigiu o Rhodes-Livingstone Institute (1941-1947), antes de se tornar o primeiro professor de antropologia social na Universidade de Manchester (1949), onde fundou o que ficou conhecido como a Escola de Antropologia de Manchester, junto com muitos colegas dos Rhodes-Livingstone Institute e seus estudantes. 


Trabalho com o povo Zulu 


Os Zulus formam o maior grupo étnico do continente, bastante conhecido por suas belas contas coloridas e cestos, bem como outras pequenas esculturas. Vivem em territórios atualmente correspondentes à África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Apenas na África do Sul, a população de zulus foi estimada, em 1995, em 8.778 (o que corresponde a 22,4% da população total do país). Espalhados pelo restante do continente, o número de zulus chega a 400 mil. As mulheres cultivam a terra e as crianças são pastores. Os zulus moram em choças em formas de cúpulas, sem janelas e facilmente desmontáveis. Quando morrem são enterrados sentados, com os olhos voltados para a sua cabana.


Os zulus não tinham um panteão desenvolvido. (…) A única divindade desenvolvida era Nomkubulwana, a princesa do Céu, homenageada pelas mulheres e pelas moças de distritos locais de Zululândia e Natal, quando as plantações começavam a crescer. (pg7)

Entre os Zulus, o mais importante desses ritos requeria comportamento obsceno da parte de mulheres e moças. Essas se vestiam como homens e tratavam e tirava leite do gado, coisa que geralmente era tabu pra elas. (pg8)

Esse papel temporariamente dominante da mulher (um papel dominante publicamente instituído, realmente aprovado e não apenas exercido tacitamente num plano secundário) contrastava fortemente com os mores desses povos patriarcais. (pg9)



Neste ritual o rei parece um monstro selvagem, com plumas negras na cabeça, relva de bordas afiadas, tudo com significado no ritual. Durante essa execução o rei dança, sai e retorna para o santuário, quando os príncipes se agrupam atrás dele batendo nos escudos comemorando, pois o rei se mantem vivo e saudável. Finalmente jovens com escudos especiais vem para frente cantando canções de triunfo. (pg19)





O rei retorna duas ou três vezes ao santuário, ressurgindo com uma abobora verde lançando num dos escudos. Nos tempos de guerra o homem cujo escudo foi atingido, seria sacrificado em batalha, sugerindo ser um “bode expiatório” nacional. (pg. 20)




Estamos diante de um mecanismo social que desafia sociólogos, psicólogos, e biólogos a fazerem uma análise em detalhe dos processos pelos quais essa representação do conflito leva ao benefício da unidade social. As cerimônias tem um simbolismo importante, é possível sentir a atuação das poderosas tensões que formam a vida nacional, nas relações entre estado e rei, contra o povo e o povo contra o rei e o estado. (pg21)

Concluindo, com Rituais de Rebelião no Sudeste da África, Gluckman insere a ideia de conflito como algo constituinte da própria estrutura social, e que nas sociedades apresentadas os rituais de rebelião agem tanto como uma celebração da ordem quanto como uma válvula de escape das tensões sociais, ou seja, antes como mecanismos de manutenção que como ingredientes das revoluções.










Chaka Zulu, rei africano.







Referências

NASCIMENTO, Sônia. Características do povo Zulu. Publicado em: 19/10/2016. Disponível em:  https://revistaraca.com.br/caracteristicas-do-povo-zulu/. Data de acesso: 15/09/2017

PEDROSO, Leandro. Chaka Zulu, rei africano. Publicado em: 07/07/2012. Disponível em: http://construindohistoriahoje.blogspot.com.br/2012/07/chaka-zulu-um-rei-africano.html. Data de acesso: 15/09/2017

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